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Biografia

O álbum de 2002 "30 Seconds To Mars" estabeleceu o grupo como uma força fresca e renovada, revelando um estilo multifacetado de que resultou uma exploração criativa e de escape.

          Para o álbum seguinte, "A Beautiful Lie", o vocalista Jared Leto quis explorar uma paleta de sons inteiramente nova, muito mais confessional. "No primeiro disco criei um mundo e escondi-me nele", diz Leto. "Com A Beautiful Lie, era tempo de seguir um rumo mais pessoal e menos cerebral. Embora este álbum ainda esteja cheio de elementos conceptuais e de ideias temáticas, é muito mais baseado no coração do que na cabeça.

          É acerca de honestidade brutal, crescimento, mudança. É um olhar incrivelmente íntimo para uma vida que se encontra numa encruzilhada. Uma jornada emocional intensa. Uma história de vida, amor, morte, sofrimento, alegria e paixão. De tudo o que é ser-se humano." Para além de ser mais directo em termos de letra, "A Beautiful Lie" sofreu também uma transformação musical. As passagens futuristas, multi-significativas foram substituídas por construções mais simples e que causam muito mais impacto, sendo que alguma da variedade foi alvo de atenção de forma a adaptar-se à honestidade da escrita. "Nós queríamos focar-nos no interior das músicas",  comentou Jared. "Para eliminar tudo o que fosse supérfluo. Para chegar à verdade de tudo. Para nós, não foi uma questão de fazer tudo muito elaboradamente, mas de fazer de maneira mais simples. Esse foi o início de muitos desafios. Trabalhei imenso para criar algo muito especial e diferente no nosso primeiro trabalho, tanto a nível de sons como de concepção.  Esse primeiro CD será sempre isso,  aconteça o que acontecer. Mas, para progredir, tens que deixar algumas coisas para trás. O que nem sempre foi fácil. Foi o começo de algo novo e a morte de algo velho, por assim dizer."

             Os resultados são transcendentes. O primeiro single, "Attack", é uma expressão dinâmica do renascimento e renovação que se denota através dos teclados enérgicos, de guitarras abrasivas e predominantes e de vozes que oscilam entre o berro mais doloroso e o mais íntimo sussurro. "The Kill" é mais reflexivo, conduzido por belas guitarras complexas e uma batida primária seguida por um refrão épico, e "Was It A Dream?" é uma experiência íntima, melódica e surrealista, pulsando com um ritmo oscilante que se pode igualar ao dos The Cure e U2.

             "Precisávamos que este álbum nos recolocasse no topo", diz Leto. "Mesmo orgulhosos dos nossos esforços prévios, eu realmente queria destruir o primeiro álbum ao fazer um segundo. A última coisa que queríamos era fazer o mesmo álbum duas vezes". "Era importante que fosse acessível emocionalmente, e despido e cru, ao mesmo tempo", comenta o irmão de Jared e baterista da banda, Shannon. "Nós precisávamos que este álbum soasse a algo a realmente genuíno e franco".

            As transformações dramáticas têm normalmente um preço e os 30 Seconds To Mars não foram excepção. As mudanças musicais e de letra que se fazem sentir por todo o "A Beautiful Lie" reflectem os desenvolvimentos, por vezes dolorosos, por que Jared e os outros membros da banda passaram antes e durante a criação do CD. " Houve imensas mudanças intensas a acontecer-nos durante este projecto, tanto a nível artístico como pessoal", refere Jared. "A mudança foi um tema importante desta vez e tu consegues senti-lo. Contudo, apesar de alguns momentos negros e reflexivos neste CD , há sempre um forte sentimento de optimismo e celebração. Foi uma batalha. E, de uma maneira, foi como ir para a guerra. Ir para a guerra contra ti mesmo e vencer".

            Vencer não é algo estranho para Jared. Para além de ser vocalista de uma banda de rock bem sucedida, ele actuou em mais de 15 filmes aclamados, incluindo "A Vida É Um Sonho", "Sala De Pânico", "Clube De Combate", "American Psycho" e "Alexandre, o Grande". E o facto de, no passado, talentosos actores terem lançado álbuns horríveis não o desencorajou. "Sempre que tens precedentes negativos, como é o caso, vais ter uma batalha difícil", confirmou ele. "Eu nunca tentei fugir disso". "Quando fomos em digressão com o álbum anterior íamos para a guerra todas as noites", acrescentou Shannon. "Tocamos bem em mais de 300 espectáculos e acabamos por vencer a batalha. Agora que já conseguimos isso, este disco foi mais acerca do nosso crescimento contínuo e de  fazer grandes canções".

            O Jared começou a construir  "A Beautiful Lie" durante a digressão para o primeiro álbum e acabou por escrever o disco em cinco países diferentes, em quatro continentes e gravando em Los Angeles, Nova Iorque e África do Sul. A canção que dá nome ao álbum e mais três foram feitas na Cidade do Cabo, África do Sul, sendo que os companheiros de banda de Jared juntaram-se a ele na África do Sul para trabalhar nas músicas. Foi nesta altura que Jared escolheu o título do álbum.

           "Eu vivia nesta casa virada para o mar e era simplesmente linda" - ele explica - " Mas apesar disto tudo, existe uma enorme quantidade de contradições entre a beleza da natureza e a destruição do homem. Vi muito disto enquanto viajava pelo mundo, desde a Ásia até á Europa e mesmo até casa. Fez-me pensar acerca destas contradições da vida, acerca das escolhas que fazemos para acreditar em tudo e mais alguma coisa, como por exemplo ter uma relação ou ir para a guerra. Mas há qualquer coisa de incrível, inspiradora, optimista e romântica em fazer estas escolhas. Considerando que, especialmente apesar de tudo, todos escolhemos seguir em frente".

             A juntar aos irmãos Leto pela primeira vez, num estúdio, estavam o guitarrista Tomo Milicevic e o baixista Matt Wachter, que já tinham andado em tour com os 30 seconds to mars aquando o lançamento do primeiro albúm. 

             Nesse album, o Jared gravou todas as partes de guitarra, baixo e sintetizador, sendo também vocalista, com o Shannon, que tocava bateria. Mas desta vez desenvolveu-se uma maior colaboração, que foi nova e excitante mas ao mesmo tempo muito desafiadora. Ultimamente resultou como uma produtiva e recompensada colaboração.

             " Ao principio não sabíamos ao certo qual era o nosso papel" - diz Milicevic - " Mas este tornou-se cada vez mais definido à medida que nos fomos integrando. O Jared traria as musicas e nós iríamos ajudar a torná-las naquilo que hoje realmente são, o que nem sempre foi fácil. Eu penso que uma descrição para este novo album seja  " Através de um grande esforço surge sempre uma obra de arte".

               "Era um pouco estranho ter outras pessoas envolvidas no processo porque eu consigo ser muito protector da musica" - admite o vocalista - " No passado, era muito difícil para mim deixar as outras pessoas participarem pois tratava-se de uma experiência privada e pessoal entre mim e o meu irmão".

               Para o seu último albúm, os 30 seconds to mars, entraram no estúdio com o legendário Bob Ezrin. Desta vez eles recrutaram Josh Abraham, que produziu o albúm dos vencedores de um grammy, Velvet Revolver. Os 30 seconds to mars começaram em Abril de 2004 e trabalharam dentro e fora em 6 estúdios diferentes antes de acabarem o albúm. 

              " Eu  sou muito metódico e obcessivo e eu "luto até à morte" para conseguir fazer as coisas certas, e o Josh não é como eu"- Jared diz - " Ele gosta de manter as coisas orgânicas e não tenta apressá-las, o que ajudou a manter o espírito de que as coisas surgiam de forma espontânea"

              Wachter diz : " Este album surgiu mais como forma de capturar o  pensamento inicial, a primeira expressão".

              Os 30 seconds to mars escreveram cerca de 40 músicas para "A beautiful lie" até aparecerem só as 10 músicas que constituem o album. A escolha das canções não foi só difícil, como também emocionalmente desgastante, pois muitas das musicas tinham um significado especial para o vocalista. De uma maneira ou de outra, ele tomou especial atenção a , "The kill", "From Yesterday", "The story" e até mesmo "Attack".

               " Eu trabalhei nesta muúsica desde Marrocos até à Tailândia e até Los Angeles e funciona sempre quando eu a  toco na minha guitarra acústica, mas por alguma razão não conseguimos trazer vida à canção com a banda, então eu pu-la de parte" - diz Jared - " Então uma noite, quando eu estava sentado no jardim com a minha guitarra acústica, o Josh Abraham chegou-se ao pé de mim. Eu disse sarcasticamente: "Então, queres ouvir o êxito do momento?" E eu comecei a tocar a "Attack" em acústico. No primeiro refrão ele interrompeu-me e disse: " É melhor canção que tens e tens que gravá-la já!" Agora é o nosso primeiro single".

                 Do principio ao fim, " A Beautiful Lie" é uma história que gira à volta da dor, frustração, ambição e acima de tudo purificação. Não é um album pré-concebido mas é certamente conceptual tal como os filmes acerca de um homem à beira do colapso que tem de mudar par conseguir seguir em frente.

                 " A mudança foi um importante tema para todos nós neste tempo e uma fase da vida por que todos passamos" - Jared explica - " Eu queria que cada canção fosse como um capítulo de um livro. Juntos eles criam a história mas cada capítulo em particular tem a sua cor, a sua expressão e a sua personalidade"

                Desde a surreal canção que dá título ao album até à batida de " The Fantasy", passando pela potência acústica de "A Modern Myth", até à melodia melancólica de " The story", " A Beautiful Lie" é um albúm ao testamento da durabilidade do espirito humano.

                " Eu sempre fui inspirado por bandas que expressam diferentes emoções e pintam imagens reais com o seu som - como U2, The Cure, Zeppelin, Pink Floyd" - diz Jared - " Mas nós estamos interessados em ser o mais modernos possíveis. Nós queremos criar qualquer coisa diferente, olhar para a frente em vez de para trás, ver-mo-nos livres das sombras da nossa inspiração e continuar com a nossa voz para fazer a nossa legião".

 

Tradução livre realizada por:
Daniela Cabral e Ana Margarida